Você já viu um animal, como um cavalo ou gato, fazendo uma careta curiosa, com o lábio superior levantado e os dentes à mostra? Essa expressão pode parecer engraçada ou até estranha à primeira vista, mas tem um motivo surpreendente por trás. Esse comportamento é conhecido como resposta de Flehmen, e é uma forma inteligente que muitos mamíferos utilizam para interpretar melhor certos cheiros no ambiente.
O Que é a Resposta de Flehmen?
No reino animal, certos comportamentos nos surpreendem pela sua complexidade e propósito. Um desses comportamentos é a resposta de Flehmen que envolve uma expressão facial muitas vezes mal compreendida: quando um animal levanta o lábio superior, mantém o focinho imóvel e parece “farejar” algo de maneira concentrada. Apesar da aparência curiosa, esse gesto tem uma função bem específica.
Ao observar esse tipo de reação, é comum pensar que o animal está apenas reagindo a um odor desagradável. No entanto, o que está acontecendo é algo muito mais sofisticado. Alguns mamíferos possuem um sistema sensorial altamente especializado, capaz de captar sinais químicos presentes no ambiente. Esses sinais, muitas vezes imperceptíveis ao olfato humano, são essenciais para diversas interações sociais e comportamentais no mundo animal.
A Resposta de Flehmen é um indicativo de que o animal está analisando minuciosamente determinadas substâncias químicas encontradas no ambiente. Ao expor os dentes e curvar os lábios, ele consegue direcionar essas partículas até uma estrutura interna específica chamada órgão vomeronasal. Também conhecido como órgão de Jacobson, esse componente do sistema sensorial é fundamental para a detecção de compostos voláteis e não voláteis — frequentemente relacionados a informações deixadas por outros indivíduos da mesma espécie ou até de espécies diferentes.
Essa análise química desempenha um papel essencial em atividades como reconhecimento territorial, identificação de parceiros em potencial e até distinção de membros do grupo. O movimento facial, por mais simples que pareça, funciona como um mecanismo de “leitura” dos sinais ao redor, oferecendo ao animal uma percepção ampliada do que está à sua volta.
É interessante notar que esse fenômeno não está restrito a um único tipo de mamífero. Diversas espécies ao redor do mundo demonstram esse mesmo tipo de resposta, o que demonstra que ela é uma adaptação comum, altamente eficiente e muito útil para a sobrevivência e interação social. Embora a cena possa parecer engraçada ou até esquisita para nós, trata-se de um processo altamente funcional.
A Resposta de Flehmen é especialmente observado em momentos de maior concentração do animal, geralmente quando ele entra em contato com rastros, objetos ou outros indivíduos que liberam compostos químicos específicos. Ao realizar esse movimento, ele não apenas amplifica a detecção dos sinais, mas também direciona essas informações para serem processadas de forma precisa.
Apesar de sua aparência cômica, a resposta de Flehmen representa uma complexa estratégia evolutiva. Ele permite que o animal capte mensagens que vão além do que os sentidos comuns conseguem captar, funcionando quase como uma leitura silenciosa de dados deixados no ar ou sobre superfícies.
Compreender a resposta de Flehmen nos aproxima do mundo dos animais de forma mais respeitosa e admirada. Isso nos faz perceber que muitos gestos, por mais estranhos que pareçam, são na verdade estratégias brilhantes para lidar com o ambiente e com os outros seres ao redor.

O Papel do Órgão Vomeronasal (VNO)
Entre as fascinantes ferramentas que os animais utilizam para interagir com o ambiente e com outros indivíduos, existe uma estrutura anatômica pouco conhecida, mas extremamente importante: o órgão vomeronasal. Também chamado de órgão de Jacobson, esse componente sensorial desempenha um papel decisivo em como diversas espécies compreendem o mundo ao seu redor por meio de estímulos químicos.
Localizado na base da cavidade nasal, esse órgão é responsável por detectar sinais que não são captados pelas vias olfativas comuns. Enquanto o olfato tradicional está voltado para aromas mais genéricos e voláteis, como o cheiro de alimentos ou do ambiente, o órgão vomeronasal é especializado em identificar substâncias mais sutis e específicas, como compostos químicos ligados ao comportamento social e reprodutivo dos animais.
Essas substâncias, muitas vezes presentes na urina, em secreções corporais ou até em rastros deixados no território, carregam informações valiosas. Através da captação dessas pistas químicas, os animais conseguem identificar se outro indivíduo passou recentemente por ali, se ele pertence ao mesmo grupo, se está em determinado estado fisiológico, entre outros detalhes que ajudam a guiar comportamentos sociais e territoriais.
O funcionamento desse órgão é engenhoso. Quando o animal entra em contato com uma substância que parece significativa, ele realiza um movimento que facilita o direcionamento desses compostos para dentro da cavidade oral, onde estão localizados os dutos que levam ao órgão vomeronasal. Uma vez ali, essas partículas químicas são interpretadas por células sensoriais altamente especializadas, que enviam sinais diretamente ao cérebro.
O resultado é uma interpretação refinada do contexto químico ao redor. Em vez de simplesmente “sentir um cheiro”, o animal consegue compreender o que aquele composto significa em termos sociais e comportamentais. Essa interpretação é tão precisa que muitos animais são capazes de distinguir entre indivíduos da mesma espécie apenas com base nessas pistas.
Essa estrutura é especialmente desenvolvida em muitos mamíferos, como felinos, equinos, cervos e outros animais de médio e grande porte. Embora os humanos possuam vestígios do órgão vomeronasal durante o desenvolvimento embrionário, ele não se desenvolve plenamente como acontece em outras espécies, o que pode explicar por que nosso olfato social é tão limitado em comparação com o dos animais.
Além da função reprodutiva, o órgão vomeronasal também pode estar envolvido em interações que ajudam a evitar conflitos, estabelecer hierarquias e reconhecer filhotes. Trata-se, portanto, de um recurso de extrema importância para a manutenção de relações dentro do grupo e para a adaptação ao meio.
Compreender o papel desse órgão nos ajuda a enxergar o quanto os sentidos dos animais vão além do que é visível ou audível. Existe uma dimensão química rica em informações que influencia diretamente o comportamento e a maneira como eles tomam decisões. O mundo sensorial dos animais é repleto de nuances que passam despercebidas aos nossos olhos, mas que fazem toda a diferença para eles.
Funções da Resposta de Flehmen
A natureza está repleta de comportamentos que, à primeira vista, parecem curiosos ou enigmáticos. Entre eles, está a resposta de Flehmen, uma ação bastante expressiva observada em diversos animais: uma elevação do lábio superior acompanhada de uma expressão intensa. Apesar de parecer apenas uma reação engraçada ou até teatral, essa movimentação facial está longe de ser aleatória. A resposta de Flehmen está diretamente ligada à forma como certos mamíferos interagem com o mundo à sua volta.
A Resposta de Flehmen tem múltiplas finalidades, todas ligadas à interpretação de sinais invisíveis ao olho humano. Animais que executam esse gesto não estão apenas reagindo a odores; estão processando dados químicos complexos que fornecem informações importantes sobre o ambiente ou sobre outros indivíduos. Esse tipo de detecção refinada permite decisões comportamentais mais precisas, e seu impacto é muito mais abrangente do que se imagina.
Uma das funções mais evidentes da resposta de Flehmen é o reconhecimento de outros membros da espécie. Quando um animal entra em contato com marcas deixadas por outro, ele pode “ler” essas pistas por meio de sinais químicos. Com isso, é possível identificar não apenas a presença de um possível parceiro, mas também informações sobre maturidade sexual, vínculo familiar ou domínio territorial. Essa habilidade é particularmente útil para espécies que vivem em grupos, pois contribui para o equilíbrio das relações sociais.
Além disso, a resposta de Flehmen facilita a localização de fêmeas em períodos férteis. Certas substâncias químicas, liberadas durante esse período, são quase imperceptíveis para os sentidos comuns, mas se tornam altamente evidentes com o auxílio desse comportamento especializado. Dessa forma, a movimentação facial passa a ter um papel importante em ciclos reprodutivos, sem que isso dependa de vocalizações ou aproximações diretas.
Outra função da resposta de Flehmen é a avaliação de objetos ou ambientes. Por exemplo, ao explorar novos locais ou identificar possíveis ameaças, alguns animais realizam essa expressão como uma forma de mapear o ambiente. Isso acontece com mais frequência em contextos de novidade, quando algo muda ou surge repentinamente. O gesto, portanto, atua como um “sensor químico” complementar à visão e à audição, ampliando a percepção do entorno.
Em espécies mais sociais, a resposta de Flehmen pode também servir como uma forma discreta de comunicação. Mesmo que não seja uma linguagem direta, esse tipo de resposta pode indicar que o indivíduo está em estado de alerta, curioso ou analisando alguma pista deixada por outros. Em alguns casos, outros membros do grupo podem até imitar ou reagir ao gesto, formando uma rede de interações sutis, mas eficazes.
Essa versatilidade de funções mostra o quanto esse comportamento é uma ferramenta multifacetada. Ele não é limitado a uma única aplicação e nem restrito a poucos momentos. Pelo contrário, está presente em diversas fases do cotidiano animal, atuando como um mecanismo preciso de interpretação do mundo. Sua utilidade vai desde o reconhecimento social até a análise do espaço, fazendo dele um recurso valioso para a sobrevivência e a adaptação.
Mesmo que para nós, humanos, a resposta de Flehmen pareça inusitada, ela representa um nível de sofisticação comportamental que ainda estamos aprendendo a decifrar. É mais um exemplo de como os animais utilizam recursos sensoriais de forma engenhosa para entender e se conectar ao que os cerca.

Quais Animais Apresentam Esse Comportamento?
O mundo animal é vasto e surpreendente, e certos comportamentos peculiares despertam a curiosidade de quem os observa. Entre esses comportamentos, há um gesto em especial — caracterizado por uma expressão facial distinta, em que o lábio superior se curva para cima e o focinho parece enrugado. Esse movimento, apesar de incomum para os olhos humanos, é absolutamente natural em diversas espécies, estamos falando da resposta de Flehmen.
Animais de diferentes portes e habitats compartilham essa característica, o que demonstra que oa resposta de Flehmen não é restrito a um único grupo taxonômico. Ela aparece tanto em espécies domesticadas quanto em animais selvagens, com finalidades adaptadas a cada contexto ecológico e social.
Entre os mais conhecidos que realizam esse gesto estão os felinos, especialmente os de grande porte, como leões e tigres. Esses animais frequentemente utilizam a resposta de Flehmen ao entrar em contato com odores deixados por outros membros da espécie. Em zoológicos e reservas, é comum ver leões analisando o ambiente com esse tipo de resposta, principalmente quando há alterações no espaço ou presença de novos indivíduos.
Os cavalos também são grandes representantes da resposta de Flehmen. Quem convive com esses animais sabe o quanto eles são sensíveis ao ambiente. Ao detectar odores diferentes, seja de outros cavalos ou até mesmo de humanos, eles costumam levantar o lábio superior, inclinando a cabeça e mantendo a posição por alguns segundos. Isso ajuda na análise química de feromônios e outras substâncias presentes no ar ou em objetos.
Entre os ungulados, como cervos e antílopes, a resposta de Flehmen também é bastante comum. Esses animais costumam viver em grupos e dependem de mecanismos eficientes para avaliar seus companheiros, identificar lideranças ou detectar fêmeas em períodos específicos. O gesto facial atua como um auxílio natural para decodificar essas pistas silenciosas, sem a necessidade de aproximação direta.
Espécies de répteis, como algumas serpentes, também apresentam a resposta de Flehmen, ainda que a forma de expressão seja distinta. Em vez de um levantamento labial, elas usam a língua para coletar partículas químicas do ambiente, levando-as a uma estrutura semelhante à utilizada por mamíferos. Apesar das diferenças anatômicas, a função sensorial é praticamente equivalente.
Até mesmo entre animais domésticos a resposta de Flehmen pode ser observado. Gatos, por exemplo, costumam fazer esse gesto ao sentir cheiros fortes ou novos, principalmente quando interagem com outros felinos ou exploram novos ambientes. O mesmo pode ocorrer com cães, embora de maneira mais sutil. Em ambos os casos, trata-se de uma forma avançada de processar informações sobre o entorno.
Em espécies mais raras, como camelos e antas, a resposta de Flehmen também aparece como forma de examinar odores deixados por outros animais. Isso mostra que a resposta é mais comum do que se imagina e que atravessa diferentes ordens dentro do reino animal, adaptando-se conforme as necessidades e o ambiente de cada espécie.
A resposta de Flehmen, por mais excêntrica que pareça, é parte integrante de uma linguagem invisível, utilizada por inúmeras criaturas para interpretar o mundo. Cada espécie desenvolve suas próprias estratégias sensoriais, mas muitas compartilham essa forma de expressão como um recurso valioso na leitura de sinais que, para nós, passam despercebidos.
Diferenças entre Espécies e Gêneros
No reino animal, comportamentos semelhantes podem surgir em diversas espécies, mas isso não significa que são executados da mesma maneira. A forma como diferentes animais interpretam e respondem aos estímulos ambientais varia conforme características biológicas, estrutura anatômica e até mesmo o contexto social de cada grupo. Comportamentos instintivos que parecem idênticos à primeira vista, quando observados mais de perto, revelam nuances curiosas entre gêneros e espécies.
Uma das principais distinções está na intensidade e na frequência com que cada animal executa o gesto. Grandes felinos como leões, por exemplo, tendem a manifestar essa expressão de maneira marcante, com o pescoço estendido e o lábio superior bastante elevado, enquanto pequenos felinos, como os gatos domésticos, apresentam uma versão mais sutil. Essa variação está diretamente relacionada à estrutura corporal e ao nível de exposição sensorial exigido por cada animal.
Entre os equinos, a resposta de Flehmen é muitas vezes acompanhado de movimentos corporais complementares, como o inclinar da cabeça ou o esticar do pescoço. Já nos bovinos, o comportamento é mais direto, com ênfase na movimentação facial e pouca alteração na postura. Apesar de estarem dentro de grupos próximos, esses animais apresentam variações significativas na forma como utilizam esse recurso sensorial.
As diferenças entre gêneros dentro da mesma espécie também chamam a atenção. Em muitos casos, os machos são mais propensos a demonstrar essa expressão, especialmente durante períodos em que precisam avaliar sinais químicos deixados por fêmeas. Isso se deve ao papel ativo que assumem em contextos sociais e reprodutivos. Já as fêmeas, embora também sejam capazes de realizar esse gesto, costumam apresentá-lo com menor frequência e geralmente em situações mais específicas.
Outro fator que influencia a resposta de Flehmen é a idade do animal. Indivíduos jovens, por estarem em fase de aprendizado e reconhecimento do mundo ao redor, podem repetir o gesto com mais regularidade. Isso acontece não apenas por curiosidade, mas também como parte do processo de desenvolvimento dos sentidos e da interação com o ambiente. Já os adultos tendem a utilizar o comportamento de forma mais estratégica e seletiva.
As diferenças entre espécies também se manifestam na anatomia dos sistemas envolvidos. Alguns animais possuem estruturas internas mais desenvolvidas, o que permite uma captação mais eficiente de partículas químicas. Outros, embora compartilhem o comportamento, apresentam limitações estruturais que tornam o gesto menos expressivo, ainda que igualmente funcional.
Mesmo em ambientes semelhantes, como savanas, florestas ou áreas de pastagem, cada espécie adapta o uso desse recurso conforme suas necessidades específicas. Um cervo em meio à mata precisa interpretar os sinais com precisão para garantir segurança e interação com o grupo. Já um felino solitário utiliza o gesto com foco em reconhecimento territorial e localização de possíveis presas ou parceiros.
Essas variações entre espécies e gêneros mostram que, embora o gesto tenha uma origem instintiva comum, sua aplicação é moldada por múltiplos fatores. Cada animal incorpora esse comportamento de maneira única, reforçando o quanto a diversidade do reino animal é marcada por adaptações sutis, mas extremamente eficazes.

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Conclusão
Ao observarmos os animais com mais atenção, percebemos que a resposta de Flehmen, por mais curiosa ou incomum que pareça, carrega um propósito vital. Aquele gesto peculiar, de lábio superior erguido e semblante concentrado, vai muito além de uma simples careta: trata-se de uma estratégia refinada de percepção do ambiente, refinada ao longo de milhares de anos de evolução.
A diversidade de espécies que compartilham esse comportamento mostra o quanto ele é significativo no mundo natural. Desde os majestosos felinos até animais domésticos do nosso cotidiano, esse gesto revela uma dimensão invisível da comunicação animal, baseada na interpretação de pistas químicas que nossos sentidos humanos não são capazes de captar.
Além disso, as variações entre espécies, gêneros e contextos mostram que não se trata de um comportamento padronizado, mas sim adaptável. Cada animal utiliza essa ferramenta de maneira personalizada, de acordo com suas necessidades biológicas, sociais e ambientais.
Compreender melhor essas expressões ajuda não apenas a aprofundar nosso conhecimento sobre a fauna, mas também a valorizar os detalhes que tornam cada espécie única. Essa atenção aos pequenos sinais fortalece nossa conexão com o mundo natural e revela o quanto ainda temos a aprender com os demais habitantes do planeta.
Ao final, fica claro que o comportamento analisado não é apenas uma curiosidade — é uma janela para o funcionamento interno e silencioso de diferentes espécies. Um lembrete de que, mesmo em silêncio, os animais estão constantemente se comunicando e interagindo com o universo ao redor de formas surpreendentes.
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